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Vicentinos no Brasil: Uma missão que mudou a história 18 de Junho de 2024 Você sabia que a Congregação da Missão, fundada por São Vicente de Paulo, mudou o rumo da evangelização no Brasil? Esta é a história de como alguns missionários transformaram a fé no novo mundo. Pe. Cléber Fábio Teodósio
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De Paris a Pernambuco

A jornada começou em 1640, quando São Vicente de Paulo sonhava em enviar seus missionários para Pernambuco, Brasil, então conhecido como Índias Ocidentais. Embora seus planos iniciais não tenham se concretizado, a chama da missão permaneceu viva. Em 1807, três corajosos padres lazaristas chegaram ao Brasil com a corte de Dom João VI, fugindo de 

Napoleão. Esses pioneiros foram o Padre Manoel de Brito, o Padre José Cardoso de Brito e o Padre Alexandre Macedo.

Os primeiros passos em Minas Gerais

Finalmente, em 1819, a missão foi oficialmente estabelecida com a chegada dos padres Leandro Rebelo Peixoto e Castro e Antônio Ferreira Viçoso. Minas Gerais tornou-se o epicentro de suas atividades, dando origem à Província Brasileira da Congregação da Missão (PBCM).

Os vicentinos não apenas pregavam, mas também educavam. Em 1821, fundaram o Colégio do Caraça, em Minas Gerais. Essa instituição tornou-se uma referência educacional, formando futuras figuras proeminentes do país, incluindo presidentes como Artur Bernardes e Afonso Pena. Embora um incêndio em 1968 tenha devastado parte do colégio, o espírito educacional continuou no Colégio São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro - RJ, inaugurado em 1959.

Os missionários também dirigiram escolas em Congonhas do Campo - MG, Campina Verde - MG e o Seminário de Jacuecanga - RJ, deixando uma marca educacional indelével nas regiões.

Especialistas na Formação

A partir de 1850, o relacionamento com o Império Brasileiro permitiu a expansão da missão. Os lazaristas empreenderam a formação do clero em vários seminários diocesanos, moldando a face da Igreja no Brasil. Com o tempo, eles formaram milhares de padres, bispos e cardeais, estabelecendo um legado duradouro. O número total de seminários diocesanos administrados pela Congregação foi de 19, em 12 dioceses, formando uma média de 2.600 padres, dos quais 156 foram nomeados bispos e seis cardeais. Na educação da juventude, além dos colégios do Caraça e de Campina Verde, foram fundados colégios em Petrópolis (1897-1909), Irati (1950-2001) e Rio de Janeiro (1959).

Com a chegada do século XX, os missionários franceses deram lugar a padres treinados localmente, que continuaram a missão com dedicação e adaptabilidade.

Evangelização em Movimento

Para pregar as missões populares, foram fundados vários centros em Minas Gerais, começando principalmente pelo Caraça e por Campina Verde, de onde saíram equipes para missões em várias localidades de diferentes estados brasileiros. Da mesma forma, os colégios e seminários onde os lazaristas trabalhavam tornaram-se centros missionários, de onde partiram para a evangelização popular.

As missões populares impregnaram toda a permanência dos lazaristas no Brasil com conteúdo e metodologia típicos da herança vicentina. Entretanto, a partir da década de 1960, as reformas introduzidas pelo Concílio Vaticano II tiveram grande impacto na Província e o modelo dos 

grandes seminários foi questionado, assim como o modelo das missões populares. Os seminários entraram em crise. Vários padres deixaram a Congregação. Desde então, foi realizada uma renovação e atualização dos métodos e da Congregação: na formação, foi adotada uma pedagogia libertadora; nas missões, estão sendo transmitidas experiências missionárias renovadas; a organização interna está buscando um novo modelo de vida comunitária, uma atualização administrativa e teológico-missionária, a fim de responder aos desafios do tempo presente.

Um Compromisso Contínuo

Atualmente, a PBCM realiza todo mês de janeiro as Missões Populares Vicentinas em conjunto com os ramos do Movimento da Família Vicentina dos Regionais Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Em outras épocas do ano, as missões populares costumam ser realizadas, mas restritas aos padres, irmãos e estudantes, a saber: Semana Santa, Mês Vocacional (agosto), Mês Vicentino (setembro) e Mês Missionário (outubro).

Assim, os 60 missionários vicentinos da PBCM continuam a viver o carisma, servindo aos pobres em mais de 20 obras: paróquias missionárias, formação de seminaristas vicentinos e alguns serviços ao clero, missões populares, formação de leigos, educação de jovens no Colégio e Escola SVP e evangelização baseada na cultura, no turismo e na ecologia (Santuário do Caraça), colaboração com a Família Vicentina e promoção de serviços sociais entre os pobres nos diferentes estados brasileiros: Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo.

O Encontro Nacional de Estudantes Vicentinos (ENEV), iniciado em 1983, é um testemunho do compromisso dos lazaristas com a formação e o desenvolvimento das novas gerações, integrando estudantes das três províncias brasileiras (Curitiba, Fortaleza e Rio de Janeiro), em um diálogo contínuo sobre missão e sociedade.

A história da Congregação da Missão no Brasil é uma saga de fé e dedicação. Desde os primeiros passos incertos até sua consolidação e expansão, os missionários vicentinos deixaram uma marca indelével na história do país, sempre guiados por sua missão de evangelizar e servir.

 

Texto original publicado no site da Cúria Geral da Congregação da Missão. 
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