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Jubileus 04 de Junho de 2024 Homens de oração, Revestidos do Espírito de Jesus Cristo, Peregrinos da Esperança Pe. Michel Araújo Silva, CM
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Descortinam-se diante de nossos olhos duas celebrações importantes. Dois jubileus (os jubileus representam sempre um grande acontecimento de nível eclesial: tempo especial de graça, perdão dos pecados e indulgencia plenária). Dos dias 17 de abril de 2023 a 17 de abril de 2025, estaremos celebrando os 400 anos de fundação da Companhia. No mesmo período (2023 e 2024)  a Igreja Universal estará celebrando uma preparação para o ano jubilar dos peregrinos da esperança, portanto, 2025 será um ano de bênçãos e alegrias. Jubileu da congregação e jubileu da Igreja.

Como Congregação da Missão, cheios de gratidão a Deus, iremos celebrar 400 anos de história. Desde aquela tarde do dia 17 de abril de 1625 até hoje, nossa companhia pode continuar a Missão de Cristo por muitos lugares. E podemos dizer, cheios de gratidão a Deus: os que nos precederam nas fileiras da missão, fizeram muito bonito. O tema para a celebração do quarto centenário da “Pequena Companhia” é “Revestir-se do Espírito de Cristo”. Destacam-se algumas dimensões de nossa espiritualidade na vivência do jubileu: a missão, a profecia e a sinodalidade.

A espiritualidade vicentina é marcada pelo dinamismo da missão. Os que bebem da fonte da experiência mística de São Vicente de Paulo dentro da Congregação da Missão, independente do encargo que são convidados a desempenhar, são missionários. “O estado dos missionários é um estado conforme às máximas evangélicas, que consiste em tudo deixar e abandonar, como os apóstolos, para seguir a Jesus Cristo e fazer, à sua imitação, o que convém” (SV XI, 01).

A espiritualidade vicentina é profética. Por sua própria natureza, a espiritualidade vicentina é profundamente profética e, nos tempos hodiernos, onde aqueles que nada de lucro material podem oferecer são descartados, esta espiritualidade se torna ainda mais profética e evangélica. Cada missionário vicentino, com seu jeito de ser, agir e viver, no labor discreto, silencioso e fecundo; na vida de pobreza, evitando o supérfluo e optando pela sobriedade; na liberdade diante das coisas, livres da procura de títulos de honra e de autoridade. Anunciam e denunciam os esquemas antievangélicos.

Nossa espiritualidade é sinodal, afinal, trabalhamos juntos, de mãos dadas, com a profunda consciência de que a missão não é nossa, mas de Deus. Vivemos em comunhão de vida, missão e bens. Caminhamos juntos como irmãos, em diálogo uns com os outros, com a Família Vicentina e com toda Igreja.

No entanto, além da ação de graças celebrada pela Congregação da Missão e por todo o movimento da Família Vicentina, celebramos, em toda a Igreja, o jubileu do ano 2025, cujo tema é: “Peregrinos da Esperança”. A abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro está marcada para 24 de dezembro de 2024, abertura oficial do jubileu. Esse jubileu nos indica a grande importância que essa virtude teologal ocupa neste momento da história. Sem os óculos da esperança (e da fé) fica impossível ler a realidade complexa em que estamos inseridos. Ela não nos decepciona (Rm 5,5).

Os dois anos precedentes serão voltados para a preparação do ano jubilar, em 2023 a Igreja dedicou-se a estudar de maneira mais aprofundada os ensinamentos do Concílio Ecumênico Vaticano II e no dia 21 de janeiro deste ano, quando a Igreja celebrava o quinto Domingo da Palavra de Deus, o Santo Padre anunciou o começo do ano da oração. Deseja o Papa Francisco que este ano seja dedicado a uma “sinfonia” de oração.

É interessante notar como os temas estão em sintonia. Evidentemente, em primeiro lugar, a oração. Por meio dela estaremos em comunhão com Deus. Através dela entenderemos a vontade do Senhor. A oração nos amadurece. Como Família Vicentina seria interessante, talvez, buscarmos enfatizar mais o nosso método de oração (Cf. Carta do Advento a todos os membros da Família Vicentina – Pe. Tomaž Mavri?, 2018). Por meio da oração será possível revestir-nos do Espírito de Nosso Senhor. Por ela, também, conseguiremos anunciar a Esperança do Evangelho, tornando-nos místicos da caridade e da missão.

Em tempos como os nossos, em que, facilmente, nos dispersamos nas inúmeras atividades do cotidiano, deixando a oração em segundo lugar. Onde o fazer e o produzir vão parecendo ser mais importantes do que a comunhão com Deus. Tempos em que as ideologias (sejam elas de centro, esquerda ou direita) multiplicam-se e de maneira sútil vão se impregnando... Que por vezes acaba contaminando a lúcida vivência da fé e Cristo vai perdendo a centralidade é preciso recuperar a esperança.

Rezemos com muita humildade, sem moralismos. Que esse tempo de graça na vida da Igreja e, especialmente na vida da Congregação da Missão, ajude-nos a sermos homens mais entregues à oração. Homens de comunhão com o Absoluto. Que livres de tantas tendências ideológicas, redescubramos a cada dia a centralidade de Jesus Cristo evangelizador e servidor dos pobres.

Que redescobrindo a beleza de sua centralidade em nossas vidas, vocação e missão, possamos nos revestir de seu Espírito, tornando-nos verdadeiros peregrinos da esperança.

 

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